Desde criança ( o que não faz lá tanto tempo) lia poesias de Vinicius (íntimo assim pelo tempo e convivência) e me encantava pelas palavras que se faziam vivas na minha frente. Era uma relação que começava e ninguém sabia. Nem ele mesmo sabia. Apenas eu e minha incansável admiração. O tempo passou e a relação aprimorou-se.No começo éramos apenas amigos. Bons amigos que compartilhavam leituras e sorrisos. Entretanto, o tempo passou e nossa amizade obteve um sentimento mais forte, mais vivo. Andava pelos lugares com a vontade de lê-lo e ser lida... Uma vontade súbita de correr para os seus braços e envolvê-lo em cada letra da minha vida. E hoje, ao muito tempo que nos conhecemos posso dizer que nada mudou. O brilho dos meus olhos ao toque suave das minhas mãos sobre as ásperas mãos letradas dele continua o mesmo. O amor que outrora sentia, hoje reascende a cada labareda de pensamento meu. Um amor sublime e em condição perpétua de felicidade. A príncipio pode parecer loucura e de fato é. Nunca nem fomos apresentados. Ele faleceu bem antes do meu nascimento, mas pense bem : eternizamo-nos pelo aquilo que deixamos.E se isso é verdade, ele ainda vive.Então, tributos a Vinicius de Moraes pela sua longa e presente vida.
Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
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