terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

"E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela."
                                                                     (Fernando Pessoa)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Lamento a um poema



Há pedaços de poema partido
repousando em algum canto,
porque, distraído,
despedacei o encanto.
E o vento generoso,
naquela noite chuvosa,
meu febril poema levou embora.
Ali, sentado,vendo-o partir,
imaginei para que lado poderia ir
cada parte de mim
que era ti.
E o vento levou,
espalhou.
Partiu o partido
de um poema inteiro
que me deixou,
um poema que me deixou partido.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Tempo Traiçoeiro


Tempo Traiçoeiro,
Levaste consigo meu sorriso
E deixaste o sofrimento.
Há muito questiono a tua história,
Mas não consigo lhe entender.
Por que arrasta a minha felicidade
Sem piedade e a leva para longe de mim?
Você ainda não sabe o que é sofrer?
Destino impiedoso aliou a tua alma ao tempo
E me fazes viver este desalento do perder.
 Encontro no vento o ímpeto da minha saudade e o abraço,
Mas meus braços se encontram
E meu sorriso derrama-se em pranto.
Há tanto perdi aquele sorrir,
Aquele encantar...
Tudo porque o destino o quis levar.
Perdi parte de mim porque tu, tempo maldito,
Arrancaste de mim...
Incompleto é o meu ser,
Involuntário é o doer,
Por saber que a ti querido amigo,
Nunca mais vou ver.


A você meu querido e eterno amigo Alex.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Menina Mulher


Menina mulher,
Meio inocente, meio maliciosa,
Tudo o que um homem quer.
Menina mulher,
Corpo feito de poesia
E rosto desenhado de flores.
Menina mulher,
De um balançar fantástico
E um sorriso desejoso e enigmático.
Menina mulher,
Que o corpo convida
E que o meu corpo devora.
Menina mulher,
Tudo o que um homem quer.
Teus olhos doces e tempestuosos.
Tua voz meiga e implacável.
Menina mulher,
Paraíso de se olhar,
Néctar dos deuses deve ser o seu beijar.
Menina mulher,
Quero-te agora,
Desejo o teu afago,
O calor dos teus abraços.
Menina mulher,
Por que a mim não quer?
Menina mulher,
O que faço para chamar tua atenção?
Meu coração acelera quando passas
E sufoca quando não acontece nada.
Menina mulher,
Por que os teus olhos não procuram os meus?
Por que não povôo os pensamentos seus?
Por que os teus lábios não sorriem ao meu ver?
Por que teu olhar é imprevisível como um belo luar?
Menina mulher,
O que queres que faça
Para consegui o teu desejar?
O que queres para me beijar?
O que queres para me amar?
Menina mulher,
Aonde passas deixa homens em teu rastro,
Farejando cada um de seus passos,
Mas você a ninguém quer.
Por que será que os teus olhos dos olhares se desviam?
Por que será que o teu sorriso desaparece
E o nosso esmorece?
Menina mulher o que há de errado em seus fiéis súditos
Que se encantam com tua beleza,
E se paralisam com tua frieza?
Menina mulher,
E que fizemos nós para merecer tanto desprezo?
Os teus olhares fulminantes levam os teus amantes
a um profundo desespero.
Menina mulher,
Já sei aonde a tua imparcialidade vai.
Alguém conquistou teu coração,
O fez em arder em chamas de paixão,
O fez contrair-se a um só.
Menina mulher,
Qual magia colocaram eu tua taça?
Quero um pouco dessa magia
Ou ao menos ser a tua bebida
Para que teus lábios encostem
E que vire pura quimera a minha vida.
Menina mulher,
Quem a conquistou ganhou um grande presente,
Viver eternamente ao lado teu.
Menina mulher,
Mesmo que eu não seja fortunato a conquistar teu coração,
Será sempre a venerada Menina Mulher,
O qual desvencilhou os caminhos do meu coração,
Desnorteou a minha direção,
Quem viverá sempre a minha canção
De minha fascinante e eterna,
Menina Mulher.

O querido poeta...

Em sua lápide, antes de morrer (é claro), pediu para que fosse escrito a seguinte frase: "Eu não estou aqui."
Poeta que não queria visitas quando já não mais estivesse, mas que lembrassem de suas risadas através de cada verso eternizado pelas mãos dele! Isso sim é poesia.


Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos-onde
Os deuses, por trás de suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho  louco este nosso mundo...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Tributo a Vinicius.

Desde criança ( o que não faz lá tanto tempo) lia poesias de Vinicius (íntimo assim pelo tempo e convivência) e me encantava pelas palavras que se faziam vivas na minha frente. Era uma relação que começava e ninguém sabia. Nem ele mesmo sabia. Apenas eu e minha incansável admiração. O tempo passou e a relação aprimorou-se.No começo éramos apenas amigos. Bons amigos que compartilhavam leituras e sorrisos. Entretanto, o tempo passou e nossa amizade obteve um sentimento mais forte, mais vivo. Andava pelos lugares com a vontade de lê-lo e ser lida... Uma vontade súbita de correr para os seus braços e envolvê-lo em cada letra da minha vida. E hoje, ao muito tempo que nos conhecemos posso dizer que nada mudou. O brilho dos meus olhos ao toque suave das minhas mãos sobre as ásperas mãos letradas dele continua o mesmo. O amor que outrora sentia, hoje reascende a cada labareda de pensamento meu. Um amor sublime e em condição perpétua de felicidade. A príncipio pode parecer loucura e de fato é. Nunca nem fomos apresentados. Ele faleceu bem antes do meu nascimento, mas pense bem : eternizamo-nos pelo aquilo que deixamos.E se isso é verdade, ele ainda vive.Então, tributos a Vinicius de Moraes pela sua longa e presente vida.

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Mãos calejadas


As tuas mãos
Calejadas de tanto tocar
À beira do rio
Para que um dia sua canção
Pudesse oceanar...
Desaguar no meu oceano,
Mas a canção não chegou.
Calejado de tanto sofrer,
Pediu à beira do rio
Que o vento levasse aquela dor,
Mas novamente ao oceano
A sua prece rumou.
Calejado de sentir,
Jogou-se no rio,
Largou o canto,
O sofrimento,
A vida
Para tentar seguir.
Seguir àquele oceano
Que um dia o fez feliz.

Não se apaixone por mim


Não se apaixone por mim,
Tenho instinto ruim
Tornar-me-ei o seu pior vicio
E algum dia de abstinência
Você sofrerá.
Não se apaixone por mim,
Meu corpo é um labirinto,
Meu balançar irá te hipnotizar,
Meu falar irá te encantar,
Meu olhar... Te fulminar.
Sou filha de Vênus
E do cálice que elaborou
Eu também bebi.
Sei fazer você se arrastar,
Viver a rastejar por mim.
Sei te enlaçar com o canto dos meus braços.
Fazer toda tua vida em meros segundos
Com o simples toque dos meus lábios em seu corpo.
Lábios que são doces chamas,
Que ao encostar em teus lábios
Irão te queimar de um jeito doce
Que você, meu súdito, nem vai perceber.
Não se apaixone por mim,
Liberdade te dou,
Fuja daqui.
A ti não quero aprisionar,
Porque tu, maldito homem,
Pode vir a me conquistar.
Não se apaixone por mim.